Nota: Escrevi este post ontem à noite, mas por dificuldades Internetísticas, só consegui postá-lo agora.
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Eu estou para escrever este post há alguns dias, mas devido ao cansaço / preguiça / sono, não o fiz até agora. Inclusive, ele seria uma série de várias partes, tudo como um incentivo para manter o interesse dos meus oito (chutei alto!?!) leitores. Infelizmente, não aconteceu. Meu blog está deveras abandonado, mas um dos motivos disto é o fato de que minha vida realmente não é muito interessante. Eu acordo todos os dias às 6:10 (40), trabalho até às 18:00, volto pra casa, como, durmo e acordo no dia seguinte. Então, realmente, não tem o que postar. Mas esta semana está sendo uma semana atípica e espectacular. Por quê? Porque estou em Praga.
Eu nunca tinha prestado tanta atenção em Praga. Há uns 12 anos, quando ainda morava nos Estados Unidos, fiz uma viagem missionária com um grupo de alunos da minha escola para a Romênia. Depois de uma semana lá, fui com metade do grupo para a Eslováquia, que fazia parte da hoje finada Tchecoslováquia. Hoje, são dois países: Eslováquia e República Tcheca. Enfim, conheci Bratislava, a capital da Eslováquia, e uma cidadezinha charmosa no interior chamada Banska Bystrika. Quando voltei de viagem, me perguntaram se eu tinha ido a Praga, e eu, desavisado, perguntava: “Praga? Que raio de cidade chama-se Praga?” Na verdade, não era exatamente assim que eu falava, mas eu não tinha noção da existência desta cidade.
Adiantando até 2008, a minha prima Laura Morena veio para cá gravar orquestra para seu disco Manhã, e voltou toda faceira, contando das maravilhas de Praga, do Teatro Rudolfinum onde se deu a gravação, dos músicos, da história da cidade, da arte (e quanta arte!), e tudo mais. As fotos que ela fez em sua Cyber-Shot realmente eram encantadoras. Eu estava começando a pensar seriamente no meu disco solo, e não havia pensado muito em aonde eu gravaria certas coisas, e ao longo dos últimos anos o projeto do meu disco foi tomando corpo e resolvemos (eu e o Lineu, produtor do meu disco), que iríamos a Indianápolis, onde ele já grava há muitos e muitos anos. Estava tudo certo. Passagens compradas, hotel reservado, estúdio agendado.
Aí, numa quinta-feira, descobriu-se que meu tio Williams estava com planos de fazer uma viagem a Praga com alguns projetos para gravar. Depois de muitos emails, telefonemas e conversas, conseguimos inserir o meu projeto neste bolo. Deus foi tão bom que não precisamos desperdiçar as passagens para Indianápolis. Simplesmente as trocamos por passagens em companhias parceiras da companhia pela qual voaríamos, e a passagem ainda estava mais barata. Até a Lanny, esposa do Lineu conseguiu comprar uma passagem neste mesmo preço baixo para nos acompanhar (afinal de contas, não é todo dia que você vai a Praga, não é verdade?). Enfim, corremos atrás dos arranjadores, deixamos tudo acertado, e embarcamos para cá no domingo à noite. Até encontramos com a Laura no aeroporto, que também está na Europa, mas de férias. Eu não estou de férias. Semana que vem estarei de volta à Agência Zoom.

Pegamos o voo às 19:15 em Guarulhos. Como não há voos diretos a Praga do Brasil, fizemos uma conexão em Amsterdã. Devo dizer que o aeroporto parece um shopping, mas eu não sou doido de comprar nada em Euro. A maré não está pra peixe, pessoal. Enfim, após duas horas de espera, embarcamos rumo a Praga, com direito a motorista nos esperando com uma plaquinha com meu nome. Que moral hein? #not.
Chegamos em nossa pensão, que fica ali no coração da Cidade Antiga, deixamos nossas malas e fomos reconhecer território. Andamos bastante, tomei sorvete de iogurte (fato importante porque sorvete de iogurte desse jeito só havia tomado na Eslováquia em 99, e devo dizer que se me desse um balde de sorvete de iogurte, seria capaz de devorar o balde em uma sentada…e o sorvete também!), e no fim da noite, fomos a um mercadinho comprar alguns mantimentos. Quando fui pagar pelas minhas compras, o atendente no caixa começou a falar em tcheco, língua essa da qual não sei nadica de nada. A princípio, achei que ele estava tirando uma com a minha cara, porque ele não parava de falar, mas depois deu pra perceber que ele estava falando comigo como se eu entendesse tudo que saia de sua boca. Aí confesso que eu fiz uma das coisas que eu odeio que façam, que é falar inglês bem devagar e gesticular exageradamente para ver se ele me entendia. No fim das contas, paguei minha conta e fui embora com meu português e inglês, e ele ficou lá com seu tcheco e meu dinheiro.
Ontem acordei meio indisposto, com dor no corpo e na garganta, mas não era uma mazela destas que me impediria de passear. Andamos um bocado, passamos em uma farmácia, onde, com muito custo, tentamos explicar os meus sintomas. Graças a Deus, uma das atendestes falava um pouquinho de inglês e me deu uma Aspirina e um remédio chamado Coldrex. Nunca senti tanta saudade do meu Resfenol. Enfim, a Aspirina era efervescente e horrível. O Coldrex foi tiro e queda. Cinco minutos depois já estava disposto, animado, e cantarolando pelas ruas como sempre faço. É sério, eu canto sozinho na rua. Só não canto no ônibus ou no avião porque estou parado ali por mais tempo, mas na rua, eu passo pela pessoa e nunca mais a vejo, ainda mais aqui.
Iniciamos nosso passeio na Cidade Nova. Fomos ao museu de Dvorak, o mais famoso compositor tcheco. Eu não aproveitei muito essa parte porque ainda estava indisposto então via um pouco das coisas lá e sentava. Pauso aqui para dizer que o povo desse país sabe ganhar dinheiro. Além de pagar 50 coroas tchecas para entrar no museu, se eu quisesse tirar foto, teria de pagar mais 30 coroas! Tudo bem que cada 10 coroas tchecas equivalem a 1 real, mas mesmo assim. Na noite anterior, no mercadinho, eles cobram 1 coroa por cada saco plástico que você usa. É mole? Enfim, eu sei que foi desonesto, mas eu clandestinamente tirei umas fotos do museu.

Depois do museu de Dvorak, passamos no museu nacional. Não entramos porque custava 150 coroas. Recessão, meus amigos. Como eu disse, a maré não está pra peixe. Passamos também pela ópera nacional, e a Lanny estava louca pra ver um balé na mesma noite, mas não rolou. Lineu e eu não estávamos muito a fim. Nada contra o balé, maaaasss…fora que nos lugares em conta, não ia dar pra ver nada. Fica pra próxima (ou não).
Depois de um nutritivo almoço do McDonald’s, voltamos à pé para a Cidade Antiga, e conhecemos o castelo de Praga. É realmente uma estrutura monstruosa e belíssima, e você precisa de 138 dias pra conhecer tudo. No entanto, nosso tempo e orçamento nos permitiu uma visita express de 3 horas, mas deu pra pegar o espírito da coisa. No nosso trajeto ao castelo, tivemos que subir alguns degraus sob o sol quente. Quem me conhece sabe que eu e o tal do exercício físico não somos grandes amigos, e em uma tentativa de manter o bom humor sob condições tão asquerosas, eu comecei a falar para mim mesmo: “Vaaaaaiii, gordinho! Vai subir a escada pra ver o castelo! Vaaaiii, gordinho!” Qual não foi minha surpresa quando um brasileiro, que, no caso, era gordinho, nos abordou com aquele discurso de brasileiro que encontra brasileiro nos estrangeiro: “Pô, tá quente né?” bla bla bla. Ele é de São Luiz, MA, e encerrou uma temporada de estudos em Londres e estava descendo as escadas enquanto nós as subíamos. Sorte a dele. Enfim, ele se despediu, e a Lanny, discreta, chegou perto e me perguntou: “Você estava falando dele ou de você?” HAHAHAHAHAHAHA! Eu: “Claro que era de mim, né, Lanny?”
Descobrimos que a vista da torre da Catedral de São Vino, que fica dentro do castelo, é maravilhosa, então inventamos de subir lá pra ver. Claro que não era de graça. Vamos lá desembolsar 150 coras para subir a torre. Não tinha elevador. No lugar do elevador, havia 287 deliciosos degraus. Sem brincadeira, quando cheguei ao topo desta escadaria do inferno, eu estava tonto, minhas panturrilhas latejavam loucamente, e eu não queria mais brincar. Queria morar na torre, que nem o Corcunda de Notre Dame. Eu estava realmente passado. Passados a tontura e o cansaço (mais ou menos), e diminuídos os batimentos cardíacos (juro que chegaram a mil por minuto! ha!), fomos ver a vista. Maravilhosa. As fotos não se comparam com o visual. Eu vislumbrei as portas da morte, mas valeu a pena.

Descemos os 287 degraus, fizemos mais alguns passeios pelo castelo, e voltamos pra pensão. Quando chegamos lá, encontramos nossos amigos Suzanne Hirle, Ronnye Dias, Clayton Nunes, Henoch Thomas, e os tios Williams e Sonete. Foi ótimo! Jantamos juntos, depois passeamos um pouco pelo centro, onde o tio Willy nos contou um pouco da história da cidade, e voltamos para a pensão.
O dia hoje foi intenso, mas por outro motivo. Hoje foi o primeiro dia de gravações do meu e dos demais projectos que trouxe tantos músicos ao mesmo local. Hoje foi a sessão de cordas. 40 delas. Todas lindas. Gravamos no Teatro Rudolfinum. Do meu disco foram três músicas. Deus é grande. Não paro de pensar nisso esta semana. Como Ele escolhe nos abençoar, mesmo sem merecer. É impressionante. É muito além do que eu posso compreender. A minha oração esta semana tem sido de gratidão. Só Deus mesmo pra me ver além do que eu sou de onde estou. E mesmo assim, Ele escolhe me usar. Muitas vezes, sem eu fazer por onde. Mas Ele é misericordioso, e Sua graça é infinita. E eu sou grato. E estou feliz.

De Santos para o mundo…hehehehe. Amanhã tem mais.
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