Causos

#65 – Do Código Aberto

No último sábado foi ao ar minha última participação desta temporada no programa “Código Aberto” na TV Novo Tempo. O programa já existe há anos, e atualmente é apresentado pelo pastor Daniel Lüdtke. Pra quem não conhece, trata-se de um estudo bíblico cujo foco é um público mais jovem. Geralmente tem um apresentador e três convidados atuando em diferentes áreas do mercado de trabalho. Assim, a discussão torna-se agradável e com enfoques diferentes.

Minha amiga Jac é produtora do programa, e ela me ligou com bastante antecedência, perguntou se eu tinha a data “x” disponível para gravar os três episódios, e estava tudo certo. Ela me mandou um email com as lições que eu teria que estudar e estava tudo combinado. No dia seguinte ela me mandou um email perguntando se tinha problema se trocasse da data “x” para a data “y” por causa de um conflito de agenda com um dos convidados. Sem problemas. Remarcamos a gravação e aí recebo outro email dela com as lições a serem estudadas. Eu não entendi o motivo pelo qual ela havia mandado o mesmo email duas vezes então nem baixei os arquivos nele anexados.

Depois ela mandou outro email para todos os convidados da temporada dizendo a data e quais lições cada um deveria estudar.

Comecei a estudar com antecedência, e na véspera da gravação, estava recapitulando as lições e resolvi entrar no Twitter pra ver o que estava acontecendo. Qual não foi minha surpresa ao ver que estavam gravando o tema sobre o qual eu estava estudando naquele momento! Resolvi abrir o meu email e ver se eu realmente estava estudando a lição certa. Abri o email da Jac, bati o olho na data e vi que, de fato, a última lição estava errada. “Sem problemas,” pensei. “Eu estudo a nova lição no caminho pra Jacareí.” Quando cheguei em Jacareí, descobri que não havia estudado uma lição errada. Havia estudado as três. Sim. As três. Não me ajudando muito foi o fato de que um dos convidados que gravaria comigo era o Helton. Conheci o Helton em Brasília no Carnaval de 2011, e ele não vale nada. Quando descobri que gravaríamos juntos, mandei uma mensagem pra ele na hora dizendo: “Não vai prestar.” O outro convidado era o Sidval, que era amigo do Helton de longa data, e dos três era o mais na dele. Ainda bem, porque com o Helton, que não vale nada, e eu, com minhas piadas, precisava de pelo menos uma pessoa sensata ali.

No fim das contas, deu tudo certo. Eu fiquei estudando as lições certas loucamente no carro, entre um break e outro nas gravações, no camarim, e foi uma experiência ótima! Quem tiver paciência pra assistir os três episódios, é só clicar nos vídeos abaixo:

Lição 4: “O Deus da Graça e do Julgamento”

Lição 7: “Senhor do Sábado”

Lição 11: “Deus Como Artista”

Também tive a oportunidade de cantar três músicas inéditas do meu disco:

“A Mão de Deus” (Lineu Soares / Valdecir Lima)

“Retalhos” (Candido Comes)

“Caminho” (Felipe Tonasso)

Da esquerda pra direita: Eu, Helton, Sidval e Daniel

Mortos depois de 37 mil horas de gravação

Foi uma experiência muito bacana e eu espero voltar mais vezes…fica a dica, hein, Jac? 🙂

#36 – I’m Lovin’ It

Mais um causo pra coleção.

Estava eu em São Paulo para uma consulta essa semana, e resolvi almoçar no McDonald’s. Ir ao McDonald’s pra mim é um momento raro, porque na grande megalópole de Artur Nogueira, não há nenhuma cadeia dessas de fast food. Tenho que recorrer ao Pilequinho, ao Ponto do Açaí ou à Padaria Ipê quando quero comer algo diferente do meu miojo ou pão com ovo. Eu saí da estação do metrô Ana Rosa e dei de cara com um McDonald’s na Rua Domingos de Moraes. Pensei comigo mesmo, “É pra lá que eu vou.” Já sentia o gostinho do meu amado McChicken ao esperar na fila.

Fala aí se não te deu vontade.

Ao me sentar, me lembrei de um episódio em outro McDonald’s, dessa vez em Limeira, há uns 7 anos, mais ou menos. Eu havia ido a um show do Raiz Coral em Limeira com a Joyce, o Elivelto e a Thanise. Após o show, estávamos exaustos e mortos de fome (que exagero!), então fomos ao McDonald’s para jantar. A hora já estava avançada, e nós fomos os últimos clientes atendidos. Pegamos nossa comida, jantamos com muito gosto, e voltamos ao balcão do caixa para pedirmos um doce. A Joyce viu que havia um Cheddar McMelt ali dando sopa. Destemida, ela virou pro coitado do atendente no caixa e lhe disse: “Moço, eu DUVIDO que você ainda venda esse Cheddar pra alguém hoje à noite.”

O moço fez uma cara de quem tava querendo pegar o Cheddar pra ele, mas não falou nada. A Joyce continuou: “Se nós cantarmos pra você, você nos dá o Cheddar?”

O moço pensou um pouco e concordou. Lá fomos eu, Joyce e Thanise improvisar um trio da famosa música do Big Mac:

Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial
Cebola e picles num pão com gergelim
É o Big Mac!

E assim, dividimos um Cheddar em três. Viva a pobreza! Viva a fome! Viva a música! Viva a amizade!

Sugiro que você tente fazer isso em algum McDonald’s. Fale que fui eu quem mandei. Só pra ver a reação deles.

#35 – Meu nome é Marcel

Acontece todos os dias, pelo menos uma vez por dia.

Trrrrrriiiiiiiiimmmmmmm (telefone)

“Agência Zoom, Marcel?”

“Bom dia, Marcelo, gostaria de falar…”

Antigamente, eu corrigia. Interrompia na hora com um curto “Marcel.” Hoje em dia, não tenho mais paciencia. O pior era quando acontecia o seguinte diálogo:

Trrrrrriiiiiiiiiiiiiimmmmmm

“Agência Zoom, Marcel?”

“Bom dia, Marcelo, gostaria de falar –”

“Marcel.”

“Sim. Desculpe. Bom dia, Maciel, gostaria de falar…”

É pra acabar.

Às vezes, quando isso acontece, meu instinto é soltar a frase: “Marcelo/Maciel/Michel é a sua avó, aquela velha!” Mas eu me contenho. Coloco um sorriso no rosto e atendo a pessoa do outro lado da linha.

Não são nem 9 da manhã e isso já me aconteceu hoje.

Meu nome é MARCEL.

Obrigado.

#24 – Da Estrada, Parte Dois – O Gigante Veio ao Chão

Essa história já é conhecida pelos meus amigos, e quando saio pra cantar e as pessoas pedem pra eu contar alguma história engraçada, é sempre essa que eu conto.

O ocorrido se deu em 2006. O Novo Tom e o Coral UNASP haviam feito uma turnê pelo Nordeste, e ficamos mais de 20 dias longe de casa. A turnê foi muito legal, fizemos 15 apresentações ótimas, e fechamos a turnê em Maceió. Sairíamos de Maceió na quarta-feira de manhã após o último show, durmiríamos em hotel perto de Itabuna, BA, e depois seguiríamos viagem direto até o UNASP. Tudo ocorreu de acordo com o combinado. No meio da viagem na quarta, paramos em restaurante de beira de estrada para almoçar. Eu comi macarrão com frango. Erro número 1. Seguimos viagem, crentes que chegaríamos no hotel em Itabuna por volta das 22h, mas nada de hotel e nada de Itabuna. Como o Lineu não queria perder tempo jantando, paramos em um posto, ele desceu e comprou todos os salgadinhos e refrigerantes existentes. Erro número 2. Quem me conhece sabe que eu gosto de comer uma besteira, mas os salgadinhos são uma exceção. Imagine você aquele ônibus, que se tornou nosso lar por 20 e poucos dias. O “cheiro de humanidade” já não bastava. Era necessário o acréscimo do cheiro de Cheetos. Mas tudo bem. Finalmente, às 3:45 da manhã, encostamos o ônibus e o caminhão no Hotel Flecha, onde dormimos umas poucas horas.

Acordei com uma leve indisposição. Ao longo do dia, bebia água, refrigerante, suco, pra ver se passava, e nada. Comi pouca coisa durante o dia pra não piorar o mal estar, e passei boa parte da viagem reclinado na minha poltrona, assistindo a um seriado no computador. Erro número 3. Não consigo ler ou assistir nada em veículos em movimento. Fico muito enjoado. Enfim, estava anoitecendo, e fizemos uma parada para abastecer. Sentei direito na minha poltrona e minha pressão baixou. Um dos coristas olhou pra mim e disse, “Cara, como você tá branco!” Eu, às portas da morte, lhe dei uma cédula de R$5 e pedi que comprasse um Gatorade pra mim, pois não teria condições de descer do ônibus. Lá foi ele, todo prestativo, comprar o Gatorade pra mim. Passaram-se alguns minutos e eu pensei comigo mesmo, “Vou descer e tomar um ar, pra ver se melhoro.” Erro número 4. Era um ônibus double decker, então a escada fica no meio do ônibus ao invés de ficar na frente, e ela é dá umas voltas. Lá fui eu, me equilibrando pra não cair. Quando eu enfim consegui sair do ônibus, me encostei no mesmo, de olhos fechados, mais às portas da morte do que antes. O Lineu e o Staut olharam pra mim e perguntaram: “Cara, você tá bem?” Abri meus olhos e lhes respondi: “Não.” Nisso chegou o Wylli, o prestativo corista que me comprou o Gatorade. Eu peguei a garrafa, e estava tão fraco que mal conseguia abrir o lacre. O Wylli tomou a garrafa das minhas mãos e abriu o lacre e desenroscou a tampinha, para que eu pudesse apenas levantá-la e beber aquele líquido horrendo.

Foi o que eu fiz.

A última coisa da qual eu me lembro foi levantar a tampinha.

Foi assim: levantei a tampinha, e ela foi ao chão. O Lineu e o Staut olharam para a tampinha e em seguida para mim. Fui beber o Gatorade, e a garrafa foi ao chão. O Staut se agachou para pegar a garrafa e o gigante foi ao chão. Agora pense comigo. Eu tenho mais de 1,90m. Pesava um pouco menos do que peso hoje, mas mesmo assim. Cair em cima de um amigo não é brincadeira, e dizem que quando você está desmaiado, você fica mais pesado ainda. Diz a história que depois de muito esforço e muitas mãos, conseguiram me arrastar para a entrada do ônibus. Parecia coisa de filme. Fui abrindo os olhos, e estava tudo embaçado. Vi o rosto da Thaís, esposa do Staut, de cabeça pra baixo. Do nada, ouço a voz da Lanny clamando: “Voltou! Voltou! Voltou!” Aos poucos, tudo foi ficando mais claro, e olhei pro alto. O Ismael, motorista do nosso caminhão, segurava minhas pernas pra cima. O corredor de entrada do ônibus era muito pequeno, e minhas pernas precisavam estar esticadas para que o sangue pudesse circular normalmente. Atrás do Ismael, muitos coristas olhando pra mim, batendo palmas, aliviado por eu estar vivo. Em seguida, lá vem o pobre do Staut, correndo com um pouco de sal em cima de um guardanapo pra pôr debaixo da minha língua. Um verdadeiro furdunço.

Depois de um tempo, consegui me levantar, me dirigi à minha poltrona e dormi. No dia seguinte, já estava mais disposto. Dois dias depois, foi como se nada tivesse acontecido.

Mais uma história pra contar.

#19 – Natação

Infelizmente não sou eu na foto acima. Que fique bem claro.

Eu sempre gostei de nadar. Comecei minha carreira (?) como nadador ainda em Santos, no Centro Olímpico, aos 3 anos de idade. A medida que fomos nos mudando (e isso aconteceu bastante), meus pais sempre achavam uma academia para que eu pudesse continuar minha carreira como nadador. Não sei se eles viam em mim um atleta. Acho que não, mas tem louco pra tudo, né? Brincadeira. Enfim, eu nadei religiosamente dos 3 aos 12 anos de idade. Aí eu desisti. Aliás, não desisti. O verbo desistir é muito forte. Eu simplesmente parei. Eu voltava de vez em quando, nadava 45 minutos 3 vezes por semana, mas não durava muito. Quando fui pro UNASP, e não tinha muitas preocupações (não que eu as tenha hoje em dia), eu ia à piscina umas 2 ou 3 vezes por semana, mas depois eu descobri que era mais legal dormir do que nadar, aí já viu, né?

Ano passado, meu primo Tuiu me informou que havia começado a frequentar uma academia aqui em Artur Nogueira. Academia essa que possuía uma piscina coberta, e me incentivou a ir. O único problema é que ele nadava à noite, período esse em que eu me encontrava na faculdade. Como não estou mais estudando, finalmente consegui um tempo pra nadar. Eu poderia ter começado no início do ano, mas se fosse pra ir sozinho, eu não iria. Não me sentiria tão motivado. Então formamos uma equipe de quatro pessoas: eu, Edison Sopper, Tuiu, e pastor Robson Menezes. Esse era o quarteto oficial, mas o Robson é furão e foi poucas vezes. Data pra começar combinada. Agora eu tinha de fazer os últimos preparativos, um dos quais era a compra de uma sunga. Vou ter que explicar. Eu não usava uma sunga desde os 12 anos de idade. Afinal de contas, não tenho um corpo que justifique o uso de tal artefato. E tá tudo certo. As opções de compras aqui em Artur Nogueira são limitadas, mas achei um estabelecimento chamado “Chocolate com Pimenta” (e eu já tenho que rir do nome), e lá achei o que estava procurando. O momento enfim chegou, e lá estávamos nós, prontos para regressar ao mundo do esporte. Nadei duas piscinas e me achava o Cesar Cielo. “Nossa,” pensei comigo mesmo. “Isso aqui é tranquilo!” Pra quê? Na terceira piscina, eu já estava às portas da morte. Achei que era o meu fim. E pra piorar, a instrutora que estava lá era uma carrasca que não deixava a gente parar. Depois desse desânimo, o Rodrigo, dono da academia, passou a ser nosso instrutor, e entrou no nosso ritmo: nada uma piscina, anda a próxima. Era uma verdadeira hidroginástica. Vergonhoso, né? Mas eu não estava nem aí. Aos poucos, o meu ritmo tem melhorado, mas não sou aquela Brastemp.

Pelo menos não estou mais fazendo hidro.

#17 – Da Estrada, Parte Um – Puma Air

Não sei se isso vai virar uma série, mas vira e mexe, acontecem coisas na estrada que valem a pena relembrar, então lá vai o primeiro relato.

Mês passado, o Novo Tom fez uma viagem ao norte do Brasil. Cantaríamos em duas cidades durante aquele final de semana: Belém e Macapá. O Novo Tom já havia cantado em Belém há cerca de oito anos, e nunca havíamos cantado em Macapá. Estávamos animados pra conhecer uma nova cidade, mas não tão animados com os horários de voo marcados. Pra você ter uma idéia, foram 15 horas de sono em 4 dias. Delícia. Fizemos o concerto em Belém no sábado à noite, e assim que acabou fomos correndo (não correndo, mas rapidamente dentro de uma van) para o local onde estávamos hospedados, pra conseguir dormir umas míseras 3 horas, pois nosso voo de Belém para Macapá partiria às 5:25 da manhã. Logo, teríamos de estar no aeroporto às 4:25 da manhã, porque até despachar os 16 volumes distribuidos entre as 11 pessoas no comboio Novo Tom demoraria um pouco. Fizemos o check-in, pesamos e despachamos as malas (total de 191 kg), e tomamos nosso rumo ao embarque. O voo partiu no horário certo, e foi aí que o drama começou.

Ao decolar, ouviu-se um barulho estranho no motor, que não parou de soar. Minutos depois, a Riane, que estava sentada atrás de mim, falou que viu uma faísca saindo da turbina direita do avião. A Riane, intensa como ela é, já começou a se desesperar. Enquanto a Riane se desesperava, eu comecei a estranhar o fato de que não estávamos na altitude “padrão”. O avião voava bastante baixo, e isso me preocupou um pouco. Alguns minutos depois, o comandante se pronunciou, dizendo que por causa de problemas técnicos, teríamos de retornar ao aeroporto de Belém, mas que não nos deveríamos nos preocupar, pois não era nada grave.

Nada grave. Sei.

Enquanto o avião tomava seu rumo de volta ao aeroporto, o comandante ainda me soltou mais uma instrução importantíssima: Não pulem. Não sei o que ele quis dizer com isso, mas eu permaneci em minha poltrona, com meu cinto de segurança devidamente afivelado.

Chegamos no aeroporto de Belém, e nos informaram que o motivo da volta foi o fato de uma ave ter entrado na turbina momentos antes da decolagem. Enfim, conseguiram nos encaixar em um voo da Gol que saiu ao meio dia e conseguimos chegar em Macapá para o nosso concerto lá.

É claro que documentei o ocorrido, que você pode conferir abaixo:

Só sei que depois dessa traumática experiencia, Puma Air, nunca mais!